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Papa explica em carta acordo com Pequim e apela a um caminho de reconciliação


O Santo Padre enviou uma mensagem depois da assinatura do acordo entre a entre Santa Sé e Pequim, sobre a nomeação dos bispos chineses. O Papa Francisco falou da necessidade de reconciliação para se “curar as feridas do passado”.

- “Com as decisões tomadas, podemos dar início a um percurso inédito, que ajudará – assim o esperamos – a curar as feridas do passado, restabelecer a plena comunhão de todos os católicos chineses e abrir uma fase de colaboração mais fraterna, para assumir com renovado empenho a missão do anúncio do Evangelho”.


Na mensagem, divulgada nesta quarta-feira (26), Francisco se dirige aos que olham para o acordo entre o Vaticano e as autoridades chinesas com desconfiança, reconhecendo que existem “dúvidas e perplexidade” especialmente entre os membros da comunidade cristã conhecida como ‘clandestina’ por se terem mantido fiéis ao Papa e ao Vaticano, apesar das perseguições que têm sofrido.

- “Estou ciente de que semelhante tropel de opiniões e considerações possa ter criado não pouca confusão, suscitando sentimentos contrapostos em muitos corações. Em alguns, surgem dúvidas e perplexidade; outros vivem a sensação de ter sido abandonados pela Santa Sé e, ao mesmo tempo, colocam-se a questão pungente do valor dos sofrimentos que enfrentaram para viver na fidelidade ao Sucessor de Pedro”.

A Igreja Católica na China sofre com a perseguição do regime comunista, que procurou nomear os seus próprios bispos, criando, para isso, uma Associação Patriótica Católica. Devido as perseguições, os católicos foram forçados a viver a sua fé clandestinamente, por conta de casos de violência contra os cristãos, além de prisões e mortes.

- “Todos sabem que, infelizmente, a história recente da Igreja Católica na China esteve dolorosamente marcada por profundas tensões, feridas e divisões que se têm focalizado sobretudo à volta da figura do bispo como guardião da autenticidade da fé e garante da comunhão eclesial”. - escreveu na carta o Papa Francisco.

Por conta da divisão ocorrida nas últimas décadas entre católicos que continuaram fiéis a Santa Sé e a "Igreja Clandestina", os bispos nomeados pelo governo chinês sem autorização do Papa foram automaticamente excomungados. Com o acordo feito, sete destes bispos foram readmitidos.

- “Depois de ter examinado atentamente cada uma das situações pessoais e escutado diversos pareceres, refleti e rezei muito procurando o verdadeiro bem da Igreja na China. Por fim, diante do Senhor e com serenidade de juízo, em continuidade com a orientação dos meus antecessores imediatos, decidi conceder a reconciliação aos restantes sete bispos ‘oficiais’ ordenados sem Mandato Pontifício e, tendo removido todas as relativas sanções canônicas, readmiti-los na plena comunhão eclesial”.

Na missiva, o Papa Francisco pede união entre os católicos na China, e para superarem as divisões do passado que causou tantos sofrimentos no coração de muitos pastores e fiéis. Todos os cristãos, sem distinção, realizem gestos de reconciliação e comunhão.

Apesar de ser um longo documento, o Santo Padre não refere especificamente como é que, na prática, vai decorrer o processo para a escolha dos novos bispos em resultado do acordo agora assinado. No entanto, na carta, o Papa pede a ajuda de todos para ser possível encontrar sempre “bons candidatos”.

- “Neste contexto, a Santa Sé pretende realizar cabalmente a parte que lhe compete, mas também a vós – bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e fiéis leigos – cabe um papel importante: procurar, juntos, bons candidatos que sejam capazes de assumir na Igreja o delicado e importante serviço episcopal. Na realidade, não se trata de nomear funcionários para a gestão das questões religiosas, mas ter verdadeiros Pastores segundo o coração de Jesus, comprometidos a trabalhar generosamente ao serviço do povo de Deus”.

A carta, em que o Papa Francisco fala de uma “nova página” na história da Igreja Católica na China, é também um apelo para a reconciliação de toda a comunidade com as autoridades civis.

- “É de importância fundamental que, também a nível local, as relações entre os responsáveis das comunidades eclesiais e as autoridades civis sejam cada vez mais profícuas, através dum diálogo franco e de uma escuta sem preconceitos que permita superar atitudes recíprocas de hostilidade”.

Para isso, lê-se na missiva, o Papa recomenda que é necessário aprender “um novo estilo de colaboração simples e diária entre as autoridades locais e as autoridades eclesiásticas – bispos, sacerdotes, anciãos das comunidades – que garanta a realização ordenada das atividades pastorais, harmonizando as legítimas expectativas dos fiéis e as decisões que competem às Autoridades”.

A carta termina com o Papa Francisco a confiar a Nossa Senhora “o caminho dos crentes na nobre terra da China”.

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